Somos
- GaRa
- Gacy Simas y Raúl Ernesto Larrosa. Escritores, ela carioca, ele uruguaio. Blog em espanhol: http://blogs.montevideo.com.uy/gara Programa de TV: https://www.youtube.com/user/alvoradaculturaldf
18 de dez. de 2009
8 de dez. de 2009
23 de nov. de 2009
28ª Feira do Livro de Brasília
Madellom, Gacy Simas e Gilma L Batista.
Finalmente começou a 28ª Feira do Livro de Brasília. Após tantos intempérie, o eventos cultural mais esperado pelos escritores e pelas escolas, de Brasília, iniciou dia 20/11 e irá até dia 29/11/2009. Os homenageados desse ano são: o escritor, cartunista e apresentador de TV Ziraldo, e o patrono é o poeta e jornalista Reynaldo Jardim, que viveu em Brasília.
Cigana
cigana,
Não pelo nascimento
mas pelo espírito que guardo
no fundo do peito.
Reconheço-me
gitana,
quando leio a sorte
não pelas mãos,
mas pelo olhar
mesmo que não seja aberto e franco.
Não posso evitar
mas posso não falar...
Cantam-me cigana,
aos quatro ventos da terra
que se unem em ondas ao centro.
Danço
com meus lenços finos de seda
e todas as cores do paraíso
respondem.
Anseiam
para a cigana que há em mim
ressurja
lute
sobreviva.
Aborto
palavras bailam
ajustam-se intimamente
umas das outras...
Constroem questionamentos
respostas
compõem eternas frases de amor
e inevitáveis despedidas
Da mente jorram
lindas
límpidas e formosas
frases inteligentes.
Diante do papel ...
Há dias em que
todas estas
maravilhosas palavras se calam
emburrecem
perdem o viço.
19 de nov. de 2009
Palestra no CEF 04 - Ceilândia
Como é habitual para a escritora, foi doado um kit de exemplares para enriquecer o acervo da biblioteca da escola.
Evento no Colégio Cor Jesu -
16 de out. de 2009
Se a poesia morrer
ainda brilhará?
A lua
encantará?
No mar
ainda haverá ondas?
Se a poesia morrer
dos sonhos?
Ainda terão perfume
as flores?
Os anjos da tarde
cruzarão o arco-íris?
Se a poesia morrer
beijos açucarados?
Os braços alcançarão
a eternidade?
A aurora romperá
a madrugada fria?
A poesia está pendurada
por um fio
no coração do homem.
18 de set. de 2009
Bienal - Rio de Janeiro 2009
No fim de semana passado, viajamos de Brasília rumo ao Rio, para participar da Bienal do Livro 2009.
Saindo do clima desértico do Planalto, o que mais nos seduzia era respirar, novamente, o ar com cheiro de mar. Ao chegarmos na rodoviária de Rio, quase morri, ao sentir o aroma fétido do cais, era insuportável. Se Rio quer sediar uma Olimpíada, uma das exigências imprescindíveis é despoluir a Bahia de Guanabara. Imagino que, dentre tantos motivos que possam ser usados como demérito, um deles seja esta poluição a céu aberto, no coração da Cidade Maravilhosa.
O grande evento da literatura, tem a gestão de uma empresa que de negócios entende muito, mais seu compromisso com a cultura e a literatura são puramente comercial.
O ingresso para o publico custa R$ 12,00, os estudantes pagam a metade e o estacionamento custa o mesmo que o ingresso inteiro, ou seja, mais R$ 12,00.
Pudemos ver que a Bienal é a expressão máxima do mercantilismo e o consumismo editorial.
O acesso a Cultura e a Literatura para o povo, não é uma prioridade, vender e lucrar é a premissa por aqui.
O tempo nos recebeu com uma garoa, neste pais dos contrastes, onde no nordeste a seca estorrica a terra, no sul as enchentes infernizam a vida, podemos constatar que os contrastes no param por aí.
A noite comodamente instalados na casa da nossa amiga Bianca,que fica no bairro da Taquara, companheira de escola da Gacy (há 30 anos que não se viam, mais uma constatação de que o tempo passa muito rápido...), escutei o som mais característico desta cidade, que eu já tinha esquecido: as rajadas de disparos de armas automáticas. Bem vindo ao Rio!
Os jornais todos dão grande destaque ao acordo militar Brasil-França, nele se acorda a compra de um grande número de aviões de guerra franceses, e a construção conjunta de 5 submarinos nucleares, com transferência de tecnologia. Este intercambio de inteligencia e logística militar é comemorado por Lula, como uma grande vitoria, já no final de seu segundo mandato, posicionando o país entre as seis potencias que dominam o ciclo nuclear.
Os reatores nucleares serão construídos por Brasil (nenhum pais faz transferência de tecnologia nuclear), o país pode construir seus próprios geradores a partir de um, que foi contrabandeado pela Marinha, desde Alemanha, dentro de um carregamento de batatas (segundo depoimento do Ministro Nelson Jovim, no Senado).
Dias atrás, no feriado do 7 de Setembro, assistimos em Brasília, uma demostração do poderio aéreo militar, tendo como convidado de honra o presidente da França, só faltaram mesmo os submarinos, por questões obvias.
Assim a corrida armamentista na região se torna um problema, que no futuro não vai trazer felicidade aos povos do continente, assim como o Brasil, a Colômbia, Venezuela e Chile têm incrementado de maneira absurda seus arsenais.
Como podem ver, numa das regiões de pior distribuição de riquezas, não faltam recursos para material Bélico, já o estudante que quiser entrar na Bienal terá que desembolsar quase 3 dólares.
Será que isto tem alguma coisa a ver com a violência nas escolas? E no resto da sociedade? Tudo indica que as armas automáticas continuaram a ecoar na madrugada da Cidade Maravilhosa por muito tempo.
Ainda falando da Bienal, assistimos um interessante debate no Estande das Letras de Niterói com os escritores: Beth Stokler, Jorge Luiz da Silva e Anderson Fabiano, eles escrevem no site “Recanto das Letras”, escutando-os, concordo que as agruras dos escritores independentes é um tema recorrente em todo o país, creio que escolhemos a profissão errada: seria melhor ser piloto de Caça-bombardeiro!
Continuaremos desfrutando das novidades da Bienal e torcendo para que além das bem-aventuradas transferências de tecnologias, nossos governantes pensem seriamente na transferência de conhecimento e sabedoria para nosso povo, o futuro da humanidade depende dele. Mais livros menos balas é o caminho da sobrevivência da Especie Humana.
1 de set. de 2009
Festa na Embaixada do Uruguai
Um pequeno grupo de compatriotas se reúne todos os anos, assim como a comunidade diplomática.
Este ano foi a segunda festa na gestão do Embaixador Carlos Amorin Tenconi, o grupo foi novamente reunido para um delicioso almoço. Felizmente e excepcionalmente para a época, este ano a natureza mandou chuva. O clima esteve muito ameno e ajudou a diminuir a sensação de estar em um deserto.
Desta vez, nosso tímido Embaixador, discursou em português e espanhol, e desfilou mais a vontade entre os convidados, como bom anfitrião.
As qualidades da carne e do vinho uruguaio ganharam elogios de todos os presentes.
O bom momento das relações entre os dois países foi tema recorrente nas conversas, com destaque para o escritório que o BNDS estará abrindo em Montevidéu, será o primeiro fora do Brasil tendo previsto para novembro abrir outro em Londres. Junto ao gigante financeiro, também volta ao mercado uruguaio, o Banco de Brasil.
O momento histórico de câmbios que se vive na região, mostra algumas rispidezes, com matizes variados, entre alguns países; entanto Chile, Bolívia e Peru, reeditam uma antiga rixa por territórios, que escapou a esfera diplomática instalando-se na sociedade e se retro-alimenta pela mídia.
Mais ao norte, Equador, Colômbia e Venezuela, disputam uma queda de braço, que envolve interesses múltiplos, como recursos naturais, corrida armamentista, intervenção norte-americana, disputas ideológicas e mais...
Uruguai apenas sofre algum “curto-circuito” com a Argentina; interesses econômicos, problemas ambientais e vaidades políticas, fomentaram uma crisis que terminará em breve com um falho da Corte da Haia.
Com Brasil, o atual governo uruguaio ficou alinhado desde o primeiro momento, aceitando a liderança “Lula” no contexto regional.
Uruguai não tem motivos para reclamar todos os problemas que apareceram, como os bloqueios as exportações (arroz e lácteos). Estes se resolveram com uma rápida intervenção de Lula, que também permitirá solucionar a interconexão das redes de transmissão de energia, tão importante para nosso pequeno e dependente pais, na matéria energética.
O carisma do presidente brasileiro é reconhecido por todos, assim como os esforços que têm realizado pelo bom andamento das relações entre os países do continente, acabando com a balcanização imposta desde fora.
O prestigio que ele tem no exterior é proporcional às dificuldades que enfrenta no Brasil.
Para nós, foi a possibilidade de reencontrar conhecidos, compartilhar com os amigos de Abrace um momento agradável, e cobrar do Dr. Amorim, uma política mais inclusiva junto a comunidade de uruguaios no DF e entorno que é pequena e bem dispersa.
9 de ago. de 2009
Eleições na Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Eu tinha duas questões para expor aqui, mais uma vou descartar, por que alguns companheiros melhor capacitados, já abordaram o assunto: o futuro dos sindicatos e a necessidade de ajudarem aos filiados a se reciclarem, adquirindo habilidades e conhecimentos.
Quero aprofundar mais sobre a outra questão.
Complementando algumas vozes que já se manifestaram na plenária, vozes de alerta pela situação que se vive em Honduras e preocupadas com os episódios que estão acontecendo no Senado brasileiro.
Nós da CTB temos que ter consciência do momento histórico que vivemos e de nossa importância, como formadora de opinião e mobilizadora de massas.
Se fizermos uma leitura do contexto político regional, veremos algumas situações recorrentes em paises como: Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai ou Brasil, onde a oposição é feita pelas empresas de comunicação, já que a oposição política não existe, após a chegada da crisis tem ficado sem discurso, sem idéias.
A grande bandeira que a CTB deve levantar com determinação é da Reforma Política. Todos estes fatos sobre Nepotismo, corrupção, são “café pequeno”, ações para desvirtuar a opinião pública, que acontecem pela ineficácia do Estado.
A Reforma Política é a batalha que ninguém quer encarar, os políticos fogem dela, como o Diabo foge da Cruz. Os Sindicatos olham para outro lado defendendo o “Status Quo”, a sociedade anestesiada, não enxerga a necessidade das reformas.
Este governo tem colocado um pouco mais de arroz e feijão no prato dos brasileiros, por isso eu o aplaudo, mais esta devendo, sobre a modernização do Estado e a democratização da sociedade.
Enquanto: o Legislativo tiver recursos para fazer “obras” em suas “chacrinhas”, eles não terão tempo para legislar, o Executivo governar por meio de Medidas Provisórias, dispensando a ação do Legislativo, e o Judiciário estiver sempre defendendo seus aliados “caixa alta”, o Estado não será nem democrático, tão pouco eficiente.
Por isso se impõe o debate da Reforma Política. Nossos estudantes e obreiros carecem de bandeiras éticas e progressistas, ao nosso povo falta paixão, despertá-la é a missão da CTB. Só com estas ferramentas, poderemos perpetuar a distribuição de riquezas e continuar na busca da qualidade de vida de nossa gente.
Dois temas centrais foram tratados neste congresso: a defesa pelo Salário Mínimo Regional e a eleição da nova diretoria que foi eleita por aclamação.
30 de jul. de 2009
Urna 94
Trata-se de uma categoria ameaçada de extinção no DF. È conhecida a disposição dos governantes modernos, pela terceirização e privatização, acho que o sonho da maioria deles é colocar um Mc Donald dentro de cada colégio.
Cheio de disposição comecei a escrever o jornal e os panfletos de propaganda que seria usado na campanha, estávamos com pouco tempo (três semanas no máximo).
O pouco tempo para trabalhar, fazia parte da estratégia da Situação, que marcou a eleição encima da hora, para atrapalhar a Oposição.
Os dirigentes que detêm o poder, controlam o Sindicato a trinta anos, acatam orientações de “Articulação” que é a principal corrente classista dentro da Cut, braço sindical que sustenta o PT e o governo.
Ante tamanho adversário as chances de vencer são remotas, isso tudo mundo sabe, mais a desconformidade de muita gente da Categoria, levou a que, rapidamente conformaram não apenas uma, mas duas chapas de oposição. A nossa era a “Chapa 2” apoiada pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Em poucos dias foram compostas as Chapas, com trinta membros, e começamos a buscar fiscais para a eleição, que se comporia com cento quatro urnas, vinte delas fixas e as restantes seriam itinerantes, ou seja, passariam por varias escolas para que os filiados pudessem votar, e passariam duas vezes, dois dias seguidos, uma vez pela manhã e outra pela tarde, assim, todos votariam. Cada equipe estaria integrada por um motorista, e um integrante de cada chapa, os presidentes de mesa se nomeariam de forma alternado correspondendo um a cada chapa.
Eram duas urnas, uma para votar na chapa da Diretoria e outra, para votar nos membros do Conselho Fiscal.
Assim fui ficando e participando de todo o processo (campanha, eleição e apuração).
Todo exercício democrático tem sua áurea mística e seu encanto popular, resultando um ótimo aprendizado em qualquer idade.
Numa reunião previa com os colaboradores, que trabalhariam para nossa Chapa, junto a uma centena de pessoas onde a metade estava participando por primeira vez de um processo eleitoral, deu para sentir das dificuldades que enfrentaríamos.
As eleições seriam na quarta e quinta feira, começando às oito horas, finalizando por volta das vinte horas.
Para integrar a Comissão Eleitoral vieram de outros Sindicatos, dirigentes experientes a fim de não permitir que nada escapasse ao controle da Comissão, esse intercambio é normal entre Sindicato que tem a mesma orientação e afinidade ideológica.
Na quarta feira acordei as cinco da manhã. Passavam das oito horas, quando as primeiras equipes foram constituídas e marcharam a recolher votos, primeiro as mais distantes, Zona Rural, Entorno, em seguida as áreas urbanas mais numerosas. Isto parecia uma estratégia da “Chapa 1” , pois disseram que se uma chapa da oposição não tiver os mesários para todas as Urnas, faltariam representantes da oposição, como todas as três chapas preencheram todas as vagas de mesários, isto não passo de um boato.
O começo da jornada foi carregado de muito nervosismo, tudo mundo querendo começar logo, apenas as dez e quarenta, fui designado para coordenar a Urna 94, que seria itinerante, passando por oito escolas de Taguatinga Norte.
O fato de coordenar a mesa era uma responsabilidade extra, pois quem conduz o processo é o presidente, que neste caso era eu. Faziam parte de minha equipe duas jovens senhoras muito amigáveis, representando as outras duas chapas, uma delas tinha experiência eleitoral, já que participo no ano anterior. O motorista era um jovem musico que conhecia a região, coisa muito importante tratando-se de Brasília, que é uma cidade onde as ruas não têm nome deixando qualquer visitante totalmente desorientado.
Toda a manhã transcorreu normalmente e às treze horas paramos para almoçar, cada um de nos recebeu dez reais para o almoço, o restante da ajuda (mais trinta reais) seria pago a noite, ao entregar a urna.
A segunda parte dessa primeira jornada eleitoral, não seria tão tranqüila, e a Urna 94 entraria para minha memória, veja porque.
Durante o almoço, varias chamadas telefônicas foram feitas, ao celular, de uma das companheiras, como apenas ela disponha de telefone, muitas pessoas começaram a ligar, pessoas ligada ao processo, das Chapas, da Camisão Eleitoral, do Sindicato querendo saber como estava transcorrendo o pleito, onde estávamos. Enfim todos. Ela não gostou de tanta perturbação na hora de comer e parou de atender.
Por remorso e obrigação, comecei a atender as ligações.
Falar ao telefone no meio do bife, foi desgostoso, durante a sobremesa, muito desconfortável, mais enquanto bebia um cafezinho e fumava um cigarro, na sombra de uma árvore, perdi a paciência, mandei esperar quem quer que fosse que estiver falando, Não poderia ser incomodado naquela hora, assim, o telefone foi desligado e a gente teve um pouco de sossego.
Foi no caminho para próxima escola, quando íamos retomar nosso labor que os problemas começaram.
Não achamos o caminho correto de uma escola que estava a duzentos metros e fomos parar três quilômetros de distancia, até hoje não consigo explicar tal “cochilo”.
Após retornar todo o caminho, e, finalmente encontrar a escola determinada em nosso roteiro, encontramos nos esperando, duas equipes: um da Chapa 1 e outra da Chapa 3. Todos estavam nervosos com nosso sumiço, preocupados com a demora e furiosos pelo telefone desligado.
No dia seguinte fiquei sabendo, que foi nessa hora que alguém ligou para uma diretora da Chapa 2 pedindo para entrar na justiça com uma impugnação para a eleição, o motivo: um argentino tinha sumido com a Urna 94 em Taguatinga.
A calunia de sumir com uma Urna não doeu tanto como ser considerado de argentino em tal circunstancia, com todo respeito aos “hermanos”, pois eu sou uruguaio.
Logo vi que os fiscais não estavam dispostos a facilitar nossa vida, em vários momentos naquela tarde eu tive que respirar fundo e contar até dez.
Uma senhora votou com o xérox da identidade, exigiram que fosse registrado em ata, coisa que menosprezei, (nossa orientação era facilitar a vida do votante). Duas colegas que votaram juntas, ficaram cochichando na hora de votar, nessa hora fui chamado a atenção por que o voto é secreto e eu como presidente da mesa não podia permitir tal desproposito.
Estes foram apenas alguns exemplos das pressões que sofremos. Minha paciência foi se encurtando as companheiras da mesa foram ficando estressadas pela marcação cerrada encima delas, como se elas tivessem que ser inimiga.
As urnas bastante usadas, mal conservadas vieram para complicar nossa tarefa, quando do nada, uma delas se abre, dentro do carro, ficamos olhando, todos os quatro para ela com um misto de medo e raiva. Com os fiscais das chapas por perto, não queria pensar se eles descobrissem que a Urna 94 sempre esteve aberta e sua chave nunca funcionou, é quase seguro, que terminava na Delegacia.
No final, na ultima escola após lavrar a ata e lacrar a urna com adesivos e fita, sendo tudo apreciado pelos fiscais e tudo mundo assinar, nos encaminhamos a base.
Nosso motorista contou que escutou uma conversa onde uma fiscal avisava que a Urna 94, estava cheia de problemas e suspeitava que o representante da sua Chapa não estava sendo parcial e combativo.
Com esse clima rarefeito, chegamos ao Clube que serviria como Sede da Eleição. CELACAP é um Clube bem brasiliense, cômodo, muito amplo, um dos seus vários grandes salões, era todo de vidro, onde ficariam as urnas, uma do lado da outra, dormindo até a apuração do dia seguinte. Um grupo de “homens de preto” garantiam a segurança, uma equipe de apoio executava o andamento do pleito, a isso agregue dez computadores novinhos, com seus respectivos digitadores, era uma estrutura imponente para um sindicato de 18.000 filiados onde só um terço votaria.
O final do primeiro dia foi cheio de nervosismo, os grupos estavam em pé de guerra, mais sem atos de violência, muito longe de eleições do passado, por mim vividas, onde o sangue corria (literalmente), esta eleição não tem a rixa direita /esquerda, tornando-a muito civilizada e pacata.
O segundo dia de eleição iniciou muito cedo, e logo começaram os problemas. A “Chapa 3” queria trocar todos seus delegados de mesa, a comisão reclamou que iria demorar, mais acabou tendo que aceitar resultado: as equipes seriam todas diferentes do dia anterior, eu só estava preocupado com o motorista, ele já tinha feito tudo o percurso no dia anterior e agora tinha que repetir, mas no sentido inverso, eu receava que nos perdêssemos novamente, por isso foi um alívio quando o vi na fila em meio a uma centena de carros.
Assim, com dois companheiros novos, um deles também musico, fez logo amizade com o motorista. Meu grupo estava na luta para buscar os votos da categoria, e com harmonia, coisa que eu queria muito, pois a jornada que teríamos que enfrentar seria longa.
O dia transcorreu muito mais tranquilo que o anterior, a oposição ainda com esperanças, tinha a percepção que a “Chapa 1” deveria ganhar.
Voltamos a todas as escolas do dia anterior, agora já conhecíamos o caminho e as pessoas, tudo foi mais ameno.
Como escritor, estou acostumado junto a minha esposa, também escritora, a visitar escolas, trabalhando com oficinas, fazendo palestras etc., sempre tratando com os Diretores, coordenadores pedagógicos e ser tratados com deferência, como representantes do sindicato, fomos tratados com indiferença e encaminhados à sala dos auxiliares, geralmente salas escondidas e mal iluminadas, essa é a realidade da categoria. Uma Classe onde todos ganham bem, a maioria deles chega ao trabalho em carros novos, ali encontramos vários analfabetos funcionais e muitos analfabetos digitais, inaceitável para uma categoria que trabalha com educação. Como podem ver, trabalho para o Sindicato não deve faltar.
Já eram dezoito horas quando empreendemos o regresso. O clima era de nervosismo e apreensão, a última urna chegou depois das vinte horas, somente às vinte e uma horas a Comissão Eleitoral começou uma reunião tensa, com a presença de dois advogados, gerou suspeitas. A Oposição também mandou uma advogada para acompanhar os debates que começaram a esquentar.
A Comissão tinha um problema: seu programa de computador para a apuração, não estava funcionando direito, já que não identificava os votos em separado (aqueles que votaram fora de sua jurisdição), isto admitia uma duplicidade de votos, o que não garantia a lisura do pleito.
A Comissão tinha medo que a eleição fosse impugnada, na Situação seu principal referente só foi habilitado por uma liminar que chegou na última reunião, na noite anterior as eleições.
A desconfiança era geral, logo após três horas de reunião, mais de quinhentas pessoas esperavam do lado de fora, iniciarem a apuração, mais Oposição e Situação, continuavam uma discussão interminável.
Passava da meia-noite dentro do salão, a decisão chegava ao final: suspenderam a apuração para o dia seguinte. Lá fora, o frio e o álcool, deixavam os ânimos bastante alterados, com ameaças de invasão, que a segurança ostensiva desencorajou.
Na madrugada se dispersou a multidão, mastigando sua decepção, e a equipe de apoio recomeçou a digitar os dados novamente, em um esforço exagerado, como querendo justificar um investimento desmesurado para o tamanho do pleito.
Já passava da meia-noite quando, se acordou que na manhã seguinte, a partir das dez horas, começariam a contar os votos, foi uma decisão difícil, a Oposição exigia transparência, a Situação ciente que ganharia, tinha o temor de “escorregar” e que a eleição fosse impugnada, para todos era necessário uma gestão limpa e transparente.
No terceiro dia consecutivo acordamos cedo e chegamos ao CELACAP, essa noite se realizaria uma festa ali, isto condicionava a entrega do clube limpo. No período da tarde, tendo em vista a contra partida da limpeza do ambiente, a apuração do Conselho Fiscal foi adiada para a semana seguinte (estávamos na sexta feira), todas as urnas do Conselho Fiscal foram entregue a uma empresa de segurança, que as guardou num Carro Forte.
Todo o processo de apuração correu normalmente com um breve intervalo para o almoço, às 16 horas se confirmava o que todos imaginavam: a Chapa 1, ganho por ampla margem (70 % dos votos).
O processo foi concluído na terça feira seguinte, com a apuração do Conselho Fiscal.
Os mais de 5.000 votos demoraram quase uma semana para serem apurados, um recorde.
Assim foi nosso exercício da democracia, é quase certo que me lembrarei desta eleição por muito tempo e, muitos, não esqueceram da Urna 94 que foi roubada por um argentino em Taguatinga Norte. Como esquecer?
12 de jul. de 2009
Milagres da lua
Em noite de lua plena
milagres
acontecem
desejos
realizam-se.
Sobre águas mansas
afogam-se
tristezas
ressurgem imponentes
esperanças.
Em noite de lua plena
homens uivam
enamorados
enfeitiçados
entregam-se ao ardor.
Em noite de lua plena
É certo que
algo acontecerá
neste mundo
no outro...
uniões serão feitas
de corpos
de almas...
Hoje é noite
de lua
plena
de magia
Queimam
paixões
saudades
anseios.
4 de jun. de 2009
No armário da vovó
Quando abro
o armário da vovó
há tanto que descobrir...
Fotos antigas
pelo tempo
envelhecidas.
Um leque espanhol
amarelo como o sol.
Um colar encantador
presente de um tal senhor.
Tem também
um broche de gatinha
guardado numa caixinha.
Um pacote
de cartas seladas
e lembranças guardadas.
Notra caixinha
redondinha
há agulhas pra costurar
e linhas pra acompanhar.
No armário da vovó
há tanto que descobrir...
Coisas bordadas
e dobradas
coisas diferentes
atraentes.
Tantas coisas
com perfume forte
especial
só dela
sem igual.
19 de mai. de 2009
Mario Benedetti
A esperança tão doce
tão polida tão triste
a promessa tão leve
não me serve
Não me serve tão mansa
a esperança
A raiva tão submissa
tão débil tão humilde
o furor tão prudente
não me serve
Não me serve tão sabia
tanta raiva
O grito tão exato
se o tempo o permite
alarido tão pulcro
não me serve
Não me serve tão bom
tanto trovão
A coragem tão dócil
a bravura tão mole
a intrepidez tão lenta
no me serve
Não me serve tão fria
a ousadia
Sim me serve a vida
que é vida até morrer
o coração alerta
sim me serve
Me serve quando avança
a confiança
Me serve teu olhar
que é generoso e firme
e tu silencio franco
sim me serve
Me serve a medida
de tua vida
Me serve teu futuro
que é um presente livre
e tua luta de sempre
sim me serve
Me serve tua batalha
sem medalha
Me serve a modéstia
de teu orgulho possível
e tua mão segura
sim me serve
Me serve teu caminho.
Companheiro.
Nunca publicamos em nossos blogs textos de nenhum outro escritor, chegou a hora de inovar. Hoje queremos homenagear a um escritor uruguaio que acaba de falecer, América e o mundo se dobram ante o silêncio de Mario Benedetti. No Brasil, pela escassez de traduções ele não é tão conhecido. Para nossos amigos uma pequena mostra do talento do grande poeta Mario.
14 de mai. de 2009
O Homen e o Mito
Obdulio nasceu pobre e pobre morreu, não poderia ser diferente, suas formas de ver o mundo e senso de justiça social batiam de frente com o incipiente profissionalismo que começava a se engendrar por aqueles anos.
O apelido que ficou conhecido foi “vinacho” pela sua afecção pelo néctar das uvas, mais isso foi antes da grande final, logo seria apontado como “negro jefe”, “gran capitan” ou “Leão de Maracanã”. E assim entrou na historia.
O alcoolismo consegue vencer com apoio da família, dos amigos, ficou um ano sem jogar mais voltou e melhor do que era antes.
Quando joga a final do mundial de 1950 fazia já oito anos que era capitão do time, tinha enfrentado muitas vezes o Brasil, ganhado e perdido. A última vez, uns meses antes com vitória brasileira por 2 a 1; o jogo da seleção “canarinho” era bem “manjado”: toque e gol, toque e gol, depois que entra um, abre-se a porteira e é goleada.
Foi este conhecimento do jogo do adversário que leva a Obdulio a paralisar a partida, necessitava esfriar o rival e revitalizar a moral do seu time. Foi justamente nesta hora que a historia o escolhe para ser imortal. Brasil abre o placar com gol de Friaça e o bandeirinha marca impedimento no começo da jogada, mais o gol e o rugido de 200.000 fanáticos o levam a se retratar e nunca mais reconhecer a nulidade da jogada. Anular aquele gol poderia significar um risco muito alto para a saúde da trio arbitral.
Naquele momento o capitão sabe do risco que correm, caminha lentamente até seu próprio gol recolhe a bola que o goleiro Maspoli, abatido, se negava a repor e a coloca embaixo de seu braço, então começa a caminhada para a gloria. Primeiro reclama com o bandeirinha, depois com o juiz. Ele não fala inglês e o juiz não fala espanhol, um interprete é chamado segundo marca a regra; e assim passa se o tempo, o tempo necessário para que a multidão passe da louca alegria ao nervosismo raivoso, os jogadores impacientes, a torcida enfurecida, e ele lá, com a bola embaixo do braço passeava pelo campo, como um general onipotente.
Antes de começar o jogo pediu a seus companheiros para não olharem para as arquibancadas, sabe o poder de intimidação que exercem as multidões. Agora, com o jogo parado faz exatamente o contrario: olha de maneira desafiadora a multidão que o insulta, e ele sereno, sem soltar a bola, se torna alvo do ódio da turma que grita: “Filho da puta!!! Filho da puta...”, podem imaginar esse coro de 200.000 vozes? Suficiente para deixar os jogadores desassossegados e nervosos. Quando recomeça o jogo apenas fala para seus companheiros: “O jogo começa agora.”
O resultado a gente conhece: Uruguai apertou as marcas, começou a atacar, mais pela direita onde Giglia infernizava a Bigode e, acabou virando o jogo.
No Rio de Janeiro ninguém duvidava da vitória, a festa estava pronta, guarda de honra e banda de musica amimariam a entrega da taça.
O presidente da Fifa, Jules Rimet tinha ensaiado o discurso que faria para aquela multidão extasiada, o percurso entre o palco e o campo de jogo é longo, quando Jules Rimet empreende a caminhada por corredores e escadas o jogo esta 1 a 1, este resultado da o titulo ao Brasil, até ali ninguém duvidava disso, quando ele chega ao campo o silencio é pesado, Uruguai acabava de virar o jogo pouco antes de terminar.
O apito do juiz desata um pandemônio no campo de jogo, na cidade do Rio e no país todo, o sentimento que vai da raiva à impotência se apodera de todos. Não tem banda de musica, nem discurso, nem guarda de honra; o presidente da FIFA, que é baixo, magro e de óculos abraça a estatueta de ouro (a original que posteriormente fora roubada da sede da antiga CBD), perdido naquele corre-corre o encontrou Obdulio, chegou até ele, pegou o troféu e nem agradeceu, “Eu não falo inglês“ justificou-se depois.
À noite ele sai sozinho do hotel em Copacabana onde se hospedava a delegação, a tristeza paira no ar, a frase que mais escuta é: “Obdulio nos ganho o jogo”. Continua caminhando, anônimo, jururu, até não conseguir segurar mais aquele peso n’alma, e num bar entra, pede uma cerveja, ao ser reconhecido pede desculpas, manda servir bebidas para todos os presentes. Obdulio foi o último em chegar ao hotel, já era meia-manhã, chegou num caminhão escoltado por uma multidão bêbada, que o acompanhou como em um cortejo etílico por todos os bares de Copacabana, Ipanema e Leblon.
Muitas historias contam sobre a generosidade que ele semeou durante a vida. Numa viagem da seleção uruguaia, ao Chile, toda a delegação se encantou com um menino de rua, “rotito” ou “roto” como dizem naquele país, o menino foi convidado a passar uma semana, realizando seu sonho que era - assistir um clássico no Estádio Centenário. Aquela viagem calou fundo na alma do menino. Ao completar a maioridade foi ao Uruguai, onde tinha passado momentos tão felizes e fora tão bem tratado. Mais a vida muda... também as pessoas, os dirigentes esqueceram das promessa feitas ao então menino. O jovem de agora encontrava-se na rua, sem trabalho, sem amigos, pois foi Obdulio, tão crítico com os dirigentes que acolheu o jovem na sua casa, comprou remédios, cuido dele até sua morte. O jovem chamava-se Nestor Pinilla.
O desprendimento de Obdulio com o dinheiro era tão grande, que beirava a irresponsabilidade, quando liderou uma greve de jogadores, que paralisou o futebol por vários meses, ele voltou a trabalhar como sapateiro e o time argentino de Boca mandou um emissário para contratá-lo, seria a salvação econômica de sua família, seria, por que ele não aceitou, dizia que era uruguaio, gostava de jogar no Centenário e se Boca queria contratar-lhe teria que jogar em Montevidéu.
Ele era negro e casou com uma descendente de imigrantes Húngaros, loirinha de olhos azuis. Podem imaginar o preconceito que o casal teve que enfrentar naquela época? Ele nunca se preocupou muito com o conforto e as “modernidades”, quem compro uma geladeira foi a esposa. Surpreendeu-se quando chegou em casa e quis saber de onde ela havia arrumado dinheiro, ao que sua esposa respondeu: “Com o dinheiro que tenho tirado de seus bolsos, a cada noite que chegas bêbado, nego safado”.
10 de mai. de 2009
Gloria de Dourados
Em nosso grupo havia 14 pessoas e percorremos mais 1.500 km, de Brasília até Gloria de Dourados.
Nós, Educacionistas, acreditamos nas idéias do professor, humanista, atual Senador: Cristovam Buarque, e fazemos parte de um movimento social, ainda informal e plural: Movimento Educacionista.
O encontro foi organizado por Eustáquio Alves sua esposa Raulene, com a ajuda de seus familiares, tudo muito simples e muito eficiente, como são as coisas da gente do interior.
O suporte e incentivo do deputado Onevan Matos foi fundamental para o sucesso do encontro.
Saímos as zero hora da sexta-feira e quatorze horas depois chegamos a Campo Grande.
Passava das 22 horas, reiniciamos nossa viagem, o último trecho nos esperava, nossos eficientes motoristas Junior e Bill, sofreram com a falta de sinalização nas rodovias sul-mato-grossense. Após alguns quilômetros a mais, feitos entre Dourados e Fátima do Sul, chegamos a Gloria de Dourados (menos de 10.000 habts), às 3 horas da madrugada ao hotel Prata, todos cansados e sonolentos.
O sábado amanheceu radiante, o cansaço deixou marcas nos rostos dos educacionistas mais os corações pareciam de crianças, plenamente revigorados.
O evento da manhã foi no auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, com mais de duzentas pessoas. À mesa presidida por Eustáquio Alves, contou com uma dúzia de autoridades da cidade. Uma placa colocada as presas, na noite anterior, lembraria a presença do senador naquela cidade, Cristovam descobriu a placa por acaso enquanto tirava fotos, seu descobrimento causo-lhe uma alegria genuína e fez questão de tirar o resto das fotos embaixo da placa.
Ao meio dia mato-grossense ao finalizar o evento, os educacionistas participaram de uma caminhada pela cidade, juntamente com a comunidade e autoridades.
No Salão Paroquial um farto almoço esperava por todos, foram quase quinhentos comensais. Na mesa das personalidades Eustáquio sentava ladeado por um senador e um deputado, fato histórico na pequena cidade.
Ali presenciamos o nascimento de uma liderança, nossos desejos de êxito ao jovem Eustáquio Alves.
Na parte da tarde realizaram-se as oficinas, algum atraso que teve não anulou o brilho da participação massiva dos jovens.
As oficinas com participação ativa do público foram: 1- Filosofia, Ética e Moral, com os moderadores Carlos e Harrison Socorro e Vanessa; 2- Educação, com os moderadores Gacy e Rafael; 3- Desenvolvimento, com a moderadora Fernanda; 4- Contexto Político, com os moderadores Israel, Edna e Sônia; 5- Ecologismo, com os moderadores Julia e Galheno; no quiosque cultural, distribuindo material de divulgação e livros, estava Raúl e registros fotográficos o Rudolfo.
Na plenária pudemos escutar uma mensagem muito clara dos grupos de trabalho, uma mensagem que fala da confiança no futuro e da vontade de trabalhar, para mudar realidades que nos incomodam.
Finalizado o evento, a equipe de trabalho e apoio partiu para uma confraternização, no restaurante mais chique da cidade, o único com musica ao vivo, que está localizado de frente para a praça, de onde o povo do outro lado da rua, assistia ao espetáculo que ali aconteceu.
O grupo de Brasília contagiou de alegria a noite gloriadouradense. Com música e muita cerveja comemorava uma longa e renovadora jornada, bailando freneticamente e disputando partidas de truco à moda matogrosense, nos apanho a madrugada, bem no meio da calçada.
No domingo compartilhamos um almoço na casa de Raulene, e às 15 horas iniciamos um regresso que acabaria as 10 da manhã, da segunda feira em Taguatinga Norte /DF.
No despertar de idéias fervilhantes nos levou, no meio da estrada, a uma reunião de debates e balanços.
Na hora da avaliação, certamente como logro primário, nos resta após MS, a sensação nítida do crescimento do ME. Esta data nos sinaliza alguns marcos: coisas bem feitas que devem ser aprofundadas e outras corrigidas.
Todo este curto caminho percorrido pelo Movimento Educacionista nos deixa algumas revelações: muito mais caminho resta por andar, um congresso nacional se impõe nesta hora e já estamos trabalhando para isso acontecer.
23 de mar. de 2009
Carnaval cultural 2009 - 3ª edição
Brasília esta ali, querendo nos abraçar, dando-nos: boas vindas. Ainda é época de chuvas e a cidade esta verde e florida.
Todo retorno é um recomeço, a mesa de trabalho está vazia, livres de papeis. Este fato nos lembra que em breve novos papéis embalarão renovadas idéias e sonhos.
Foram dois meses cheios de atividades, realizações e muita satisfação.
Em nossa última escala, à beira do Guaíba, passamos boas horas antes de seguir viagem. Porto Alegre respira cultura! Os antigos palacetes, herança do Estado poderoso, antes ocupado por sedes de bancos ou secretarias do governo, agora são museus que cuidam do acervo histórico e Artístico da cidade, impulsionando a Cultura. Tão serio é o trabalho de recuperação da memória, que o belo e antigo Hotel Majestic, cujos primeiros desenhos de sua fachada, foram feitos em 1903 teve sua arquitetura preservada e transformada em Casa de Cultura. A construção deste hotel era tão ousada e inédita para a época, que foi construída em etapas. A primeira etapa só foi iniciada em 1916 e concluída em 1918, sendo totalmente concluído em 1933. Em 1983, com ajuda da pressão popular, o Hotel Majestic foi transformado em Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), hoje, certamente, um referente cultural e histórico para o país.
Durante nossa temporada no Uruguai fomos ao interior profundo, numa pequena cidade onde as coisas demoram em acontecer, para lançar nosso último livro em espanhol: Mosaico.
O evento que organizamos se chama Carnaval Cultural, e, desde 2006 produzimos cultura durante a semana de carnaval (no início fomos chamados de fantasiosos).
Os artistas plásticos brindaram-nos com uma mostra de seus quadros.
O novo grupo de bailarinas da cidade (criado este ano) apresentou nove estudantes de dança, que interpretou bailes flamengos. Prometeram voltar no próximo ano com outros números.
Os jovens que iniciaram no ano passado, o curso de arte dramática, nos presentearam com uma passagem de Dom Quixote.
Nesta edição, abrimos espaço ao público, para que pudessem participar mais ativamente lendo seus textos.
O sucesso foi tão grande, que gerou em nós uma inquietação: editar um livro apenas com escritores locais (inéditos, em sua maioria). Este projeto é para o próximo ano, e, já estamos trabalhando neste sentido.