19 de mai. de 2009

Mario Benedetti


Serve-me e não me serve
A esperança tão doce
tão polida tão triste
a promessa tão leve
não me serve

Não me serve tão mansa
a esperança

A raiva tão submissa
tão débil tão humilde
o furor tão prudente
não me serve

Não me serve tão sabia
tanta raiva

O grito tão exato
se o tempo o permite
alarido tão pulcro
não me serve

Não me serve tão bom
tanto trovão

A coragem tão dócil
a bravura tão mole
a intrepidez tão lenta
no me serve

Não me serve tão fria
a ousadia

Sim me serve a vida
que é vida até morrer
o coração alerta
sim me serve

Me serve quando avança
a confiança

Me serve teu olhar
que é generoso e firme
e tu silencio franco
sim me serve

Me serve a medida
de tua vida

Me serve teu futuro
que é um presente livre
e tua luta de sempre
sim me serve

Me serve tua batalha
sem medalha

Me serve a modéstia
de teu orgulho possível
e tua mão segura
sim me serve

Me serve teu caminho.
Companheiro.





Nunca publicamos em nossos blogs textos de nenhum outro escritor, chegou a hora de inovar. Hoje queremos homenagear a um escritor uruguaio que acaba de falecer, América e o mundo se dobram ante o silêncio de Mario Benedetti. No Brasil, pela escassez de traduções ele não é tão conhecido. Para nossos amigos uma pequena mostra do talento do grande poeta Mario.

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