18 de set. de 2009

Bienal - Rio de Janeiro 2009

No fim de semana passado, viajamos de Brasília rumo ao Rio, para participar da Bienal do Livro 2009.


Saindo do clima desértico do Planalto, o que mais nos seduzia era respirar, novamente, o ar com cheiro de mar. Ao chegarmos na rodoviária de Rio, quase morri, ao sentir o aroma fétido do cais, era insuportável. Se Rio quer sediar uma Olimpíada, uma das exigências imprescindíveis é despoluir a Bahia de Guanabara. Imagino que, dentre tantos motivos que possam ser usados como demérito, um deles seja esta poluição a céu aberto, no coração da Cidade Maravilhosa.



O grande evento da literatura, tem a gestão de uma empresa que de negócios entende muito, mais seu compromisso com a cultura e a literatura são puramente comercial.




O ingresso para o publico custa R$ 12,00, os estudantes pagam a metade e o estacionamento custa o mesmo que o ingresso inteiro, ou seja, mais R$ 12,00.




Pudemos ver que a Bienal é a expressão máxima do mercantilismo e o consumismo editorial.


O acesso a Cultura e a Literatura para o povo, não é uma prioridade, vender e lucrar é a premissa por aqui.


O tempo nos recebeu com uma garoa, neste pais dos contrastes, onde no nordeste a seca estorrica a terra, no sul as enchentes infernizam a vida, podemos constatar que os contrastes no param por aí.


A noite comodamente instalados na casa da nossa amiga Bianca,que fica no bairro da Taquara, companheira de escola da Gacy (há 30 anos que não se viam, mais uma constatação de que o tempo passa muito rápido...), escutei o som mais característico desta cidade, que eu já tinha esquecido: as rajadas de disparos de armas automáticas. Bem vindo ao Rio!


Os jornais todos dão grande destaque ao acordo militar Brasil-França, nele se acorda a compra de um grande número de aviões de guerra franceses, e a construção conjunta de 5 submarinos nucleares, com transferência de tecnologia. Este intercambio de inteligencia e logística militar é comemorado por Lula, como uma grande vitoria, já no final de seu segundo mandato, posicionando o país entre as seis potencias que dominam o ciclo nuclear.


Os reatores nucleares serão construídos por Brasil (nenhum pais faz transferência de tecnologia nuclear), o país pode construir seus próprios geradores a partir de um, que foi contrabandeado pela Marinha, desde Alemanha, dentro de um carregamento de batatas (segundo depoimento do Ministro Nelson Jovim, no Senado).


Dias atrás, no feriado do 7 de Setembro, assistimos em Brasília, uma demostração do poderio aéreo militar, tendo como convidado de honra o presidente da França, só faltaram mesmo os submarinos, por questões obvias.


Assim a corrida armamentista na região se torna um problema, que no futuro não vai trazer felicidade aos povos do continente, assim como o Brasil, a Colômbia, Venezuela e Chile têm incrementado de maneira absurda seus arsenais.


Como podem ver, numa das regiões de pior distribuição de riquezas, não faltam recursos para material Bélico, já o estudante que quiser entrar na Bienal terá que desembolsar quase 3 dólares.


Será que isto tem alguma coisa a ver com a violência nas escolas? E no resto da sociedade? Tudo indica que as armas automáticas continuaram a ecoar na madrugada da Cidade Maravilhosa por muito tempo.


Ainda falando da Bienal, assistimos um interessante debate no Estande das Letras de Niterói com os escritores: Beth Stokler, Jorge Luiz da Silva e Anderson Fabiano, eles escrevem no site “Recanto das Letras”, escutando-os, concordo que as agruras dos escritores independentes é um tema recorrente em todo o país, creio que escolhemos a profissão errada: seria melhor ser piloto de Caça-bombardeiro!





Zilda Pires, Raúl Ernesto Larrosa, Gacy Simas, Nilde Barros Diuana, Neide Barros Rêgo, Walmir Ventura Rêgo e Edmo Rodrigues Lutterbach. (esquerda para direita)



Outro prazer foi conhecer a poetisa e declamadora Neide Barros Rêgo que dirige o Centro Cultural Maria Sabina de Niterói, também Delegada da Associação Universal de Esperanto, conhecida de muitos amigos esperantistas de Brasília.

Continuaremos desfrutando das novidades da Bienal e torcendo para que além das bem-aventuradas transferências de tecnologias, nossos governantes pensem seriamente na transferência de conhecimento e sabedoria para nosso povo, o futuro da humanidade depende dele. Mais livros menos balas é o caminho da sobrevivência da Especie Humana.

1 de set. de 2009

Festa na Embaixada do Uruguai






Como todos os 25 de agosto, a Embaixada do Uruguai abriu suas portas para comemorar a festa nacional.
Um pequeno grupo de compatriotas se reúne todos os anos, assim como a comunidade diplomática.
Este ano foi a segunda festa na gestão do Embaixador Carlos Amorin Tenconi, o grupo foi novamente reunido para um delicioso almoço. Felizmente e excepcionalmente para a época, este ano a natureza mandou chuva. O clima esteve muito ameno e ajudou a diminuir a sensação de estar em um deserto.
Desta vez, nosso tímido Embaixador, discursou em português e espanhol, e desfilou mais a vontade entre os convidados, como bom anfitrião.
As qualidades da carne e do vinho uruguaio ganharam elogios de todos os presentes.





O bom momento das relações entre os dois países foi tema recorrente nas conversas, com destaque para o escritório que o BNDS estará abrindo em Montevidéu, será o primeiro fora do Brasil tendo previsto para novembro abrir outro em Londres. Junto ao gigante financeiro, também volta ao mercado uruguaio, o Banco de Brasil.
O momento histórico de câmbios que se vive na região, mostra algumas rispidezes, com matizes variados, entre alguns países; entanto Chile, Bolívia e Peru, reeditam uma antiga rixa por territórios, que escapou a esfera diplomática instalando-se na sociedade e se retro-alimenta pela mídia.
Mais ao norte, Equador, Colômbia e Venezuela, disputam uma queda de braço, que envolve interesses múltiplos, como recursos naturais, corrida armamentista, intervenção norte-americana, disputas ideológicas e mais...
Uruguai apenas sofre algum “curto-circuito” com a Argentina; interesses econômicos, problemas ambientais e vaidades políticas, fomentaram uma crisis que terminará em breve com um falho da Corte da Haia.
Com Brasil, o atual governo uruguaio ficou alinhado desde o primeiro momento, aceitando a liderança “Lula” no contexto regional.
Uruguai não tem motivos para reclamar todos os problemas que apareceram, como os bloqueios as exportações (arroz e lácteos). Estes se resolveram com uma rápida intervenção de Lula, que também permitirá solucionar a interconexão das redes de transmissão de energia, tão importante para nosso pequeno e dependente pais, na matéria energética.
O carisma do presidente brasileiro é reconhecido por todos, assim como os esforços que têm realizado pelo bom andamento das relações entre os países do continente, acabando com a balcanização imposta desde fora.
O prestigio que ele tem no exterior é proporcional às dificuldades que enfrenta no Brasil.






Para nós, foi a possibilidade de reencontrar conhecidos, compartilhar com os amigos de Abrace um momento agradável, e cobrar do Dr. Amorim, uma política mais inclusiva junto a comunidade de uruguaios no DF e entorno que é pequena e bem dispersa.